domingo, 11 de setembro de 2011

O Amor

Quando deitou por cima dela e a beijou, sentiu como se mergulhasse num oceano.

Era uma festa bastante monótona, com música ruim, pessoas medíocres, bebida barata, mas um quintal razoável. Havia uma árvore solitária num canto, e ela estava sentada na grama embaixo. Encarava algo acima. A copa das árvores, ou o céu. Ele não sabia.
E então, ela o encarou.
Não sorriu ou expressou coisa alguma, mas seus olhos pareciam carregar o segredo de todas as coisas do Universo, e aquilo o encontrou como um vento frio. Ele chegou perto, se ajoelhou, segurou a mão dela entre as suas e disse, num sussurro:
- Me conta.
Ela sorriu. Sorriu com a boca, os olhos, com o leve angulo que inclinou sua cabeça. Sorriu com as mãos que eram cercadas pelas dele, sorriu com os dedos que a mantinham no chão, com as pernas cruzadas na grama. Exalou com todo o corpo a harmonia que o cosmos podia ter.
Ele reparou que chorava.
- Quem é você?
Ele sabia que não haveria resposta. Ela não disse nada e ele sempre soube que seria assim. Apenas demonstrou compaixão com o retrair das sobrancelhas.
Quando deitou por cima dela e a beijou, sentiu como se mergulhasse num oceano.

Acordou com a luz do sol, no meio da tarde. Não havia mais nada alí, somente a grama, a árvore e gente bebada dormindo naquela casa.
Ele se sentou, e olhou pra cima, para a arvore, para o céu, para as nuvens, para além de tudo. Uma jovem saiu cambaleando da casa, com os sapatos nas mãos e nenhuma idéia de que horas seriam. Ele a encarou, sem mudar de expressão.
Quando deitou por cima dele e o beijou, sentiu como se mergulhasse num oceano.

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