"Me desculpe!", ouviu a mulher de branco, "Me desculpe! Chego um pouco atrasada esse ano, mas é de praxe, né?"
Sentou ao seu lado uma moça tão elegante quanto seu conjunto de moleton permitia. Usava tons de rosa, desde o batom forte ao tênis caro de corrida. Havia uma touca também, mas mesmo essa parecia ser algo incrívelmente bonito. Ela sorriu à moça de branco, que a olhava com o rigor nos olhos e uma boca torta de impaciência.
"Ah, não me olhe assim, você é que sempre chega adiantada." retrucou àquele olhar. A moça de branco suspirou, e por fim, disse.
"Foi um bom ano. Está tudo limpo e arrumado." começou a dizer "Devo deixar em umas duas semanas pra você assumir, já está tudo em ordem?"
"Ah não" riu a amiga. "Prefiro deixar tudo...florescer, se é que me entende!"
"Você é incurável"
" E você uma pedra de gelo. Se é que me entende!" ela sorriu. Se curvou para a amiga - o que sinceramente fez acentuar a diferença entre elas - e sussurrou "Acho que fomos vistas".
Então ambas olharam pra mim, eu sorri pra elas e saí com as compras da semana. Ciente e absolutamente certa que acabava de presenciar o Inverno e a Primavera trocando de lugar
Véio, hein?
Um comentário:
"Um conto curto, simples (daqueles que não vomitam informações em cima de você), e muito charmoso."
- The New York Times.
AHTRI.
Neil Gaiman é sua referencia, bitch.
Postar um comentário